Apresentação/
Presentation
Quando os artistas da Transvanguarda Italiana redescobriam, no final dos anos 70, que fazer arte é “por a mão na massa”, incluindo o seu sentido literal, enviavam um sinal de alerta para um jovem artista que ainda tateava seus primeiros passos na produção artística. Seja nos processos manuais da produção da obra de arte ou nos meios eletrônicos atuais, o prazer da arte está no fazer, no metamorfosear, no transformar matéria em forma. A arte retornava nesse momento aos seus motivos internos, ao seu lugar por excelência que é encontrar dentro de si a energia necessária para construir imagens. Arte é produção e exige trabalho.
José Antonio de Lima sempre gostou de amassar diversos materiais, misturar, modelar, pintar, costurar ou esculpir com papel e arame, com tecido, com terras ou limalhas de ferro:
o poético é algo que surge no silêncio do interior do artista
e assim, um dia, estas formas que no momento anterior, tinham saído do plano para o espaço tridimensional da escultura e dos volumes, quiseram alçar vôo.
Dos grafitos, dos desenhos, dos totens, dos casulos surgiram as catedrais e as tramas, - “do casulo à borboleta”, diz o artista - mas é sempre a ação do artista sobre a matéria, é a crisálida que surge pela transformação da matéria viva como a larva ou mesmo da matéria inerte, que se alça em vôos no espaço: um silêncio vivo em escala monumental. Neste livro temos a síntese de um percurso que começou nos anos 80
e encontra-se agora em plena maturidade artística. Todas
as suas buscas, ensaios e caminhos percorridos mostram que
é na procura e no trabalho árduo e rigoroso que se forma
o artista. Pelo amor aos detalhes, pelo recolher as pequenas sensações e os pequenos pensamentos no desejo de sempre permanecer em mudança e aberto às experiências.
O desenho acompanha José Antonio desde os treze anos
de idade quando resolveu que queria ser artista, do desenho passou para a pintura e a escultura. Os “totens”, as “ferramentas e armas”, além de trazerem claras suas memórias de infância, são estudos do espaço, são desenhos e pinturas que fugiram do plano, no qual nunca estiveram na sua obra. Mario de Andrade disse que o que lhe agradava no desenho, de natureza tão complexa, “é o seu caráter infinitamente sutil, de ser ao mesmo tempo uma transitoriedade e uma sabedoria”. (Mario de Andrade, “Do desenho”) O desenho é um sonho que se concretiza e o início de toda a divagação artística: é o principio da ação plástica para aqueles que introduziram o nosso conceito de arte no passado. Para Giogio Vasari nós deveríamos comemorar por ter a mão do artista recebido do céu esta habilidade que, não sem dificuldades, mostram as coisas vivas e verdadeiras. (Giorgio Vasari, Le Vite, v. 1, XV)
Os “casulos” pertencem a etapa intermediária, prontos para que o artista manipule o material amorfo e arranque o “ser
do não ser”. As “catedrais” são as conseqüências diretas da sua pesquisa formal que se consolidam nas “tramas”, cujo material efêmero solicita a permanência. É a memória que
se torna metal: no início era o plano que alçou vôo sem abandonar os seus começos.
As metamorfoses mostram que tudo pode se transformar em tudo em direção a um centro do “inespacial” e do intemporal, talvez do invariável também, mas na sua obra, José Antonio, mostra que tudo é temporal e só podemos perceber as coisas através da mediação do espaço e do tempo.
Mas ele sempre volta à pintura, ela se torna o campo no interior do qual o fazer manual e o conceito encontram enfim seu equilíbrio, o campo de experimentação no qual todas
as outras experiências podem ser aplicadas como substância pictural e força mental, lugar de tradução em imagem dos seus motivos mais sutis e impalpáveis.
Para responder a um trabalho poético, temos sempre que apelar ao poeta: “Pintar a partir de então é despintar/ fundir
a forma na escuridão (na pasta, na lama)/ fundir os brancos/
os verdes os azuis/ na suja matéria sem luz/ e assim pelo avesso/ o pintor chega ao fim/ isto é, ao começo/ da pasta escura (do fundo pintado)/ ressurge a figura”.
(Ferreira Gullar, “figura-fundo”, 2013).
O poeta sempre inventa o que dizer, mas somente dizendo encontra significado para aquilo que disse.
Fernando Antonio Fontoura Bini
Professor de História da Arte e Crítico de Arte
Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA/PR)
(Membro da AICA - Association Internationale des Critiques d’Art)
Julho de 2013
Exposições Individuais
2012 AVA Galleria, Helsinque, Finlândia.
2012 Casa Andrade Muricy (Museu de Arte Contemporânea), Curitiba, PR:
(Im)Permanências.
2010 Centro Cultural Correios, Rio de Janeiro, RJ: Interconectividades.
2010 Centro Cultural Poleeni (Kulttuurikeskus), Pieksämäki, Finlândia.
2009 Centro Cultural Cândido Mendes, Pequena Galeria, Rio de Janeiro, RJ: Conexões.
2008 Hyogo Prefectural Museum of Art, Kobe, Japan: Brasil/Japão: O Caminho Unido
Pela Arte.
2007 Galeria Väsby Konsthall, Estocolmo, Suécia.
2007 Museu de Arte Contemporânea, Joinville, SC: Etéreas Visibilidades.
2007 Teatro HSBC, Curitiba, PR: instalação Tramas.
2007 Memorial da Cidade, Curitiba, PR: Tramas.
2006 Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR: Visibilidades.
2005 Centro Cultural Cândido Mendes, Grande Galeria, Rio de Janeiro, RJ: Narrativas.
2005 AVA Galleria, Helsinque, Finlândia.
2004 Galeria Solar do Rosário, Curitiba, PR.
2002 Brasilianisches Kulturinstitut - ICBRA, Berlim, Alemanha: Sagas.
2002 Museu de Arte Contemporânea do Paraná - MAC, Curitiba, PR: Voar...Sonhar.
2001 Museu Metropolitano de Curitiba, MuMa, Sala Célia Lazzarotto.
2000 Galeria de Arte Fraletti e Rubbo, Curitiba – PR.
1997 Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, PR.
1997 Galeria Solar do Rosário, Curitiba, PR.
1996 Museu Alfredo Andersen, Curitiba, PR.
1996 Galeria Solar do Rosário, Sala do Artista, Curitiba, PR.
1994 Galeria SESC Paulista, São Paulo, SP.
1992 Secretaria de Estado da Cultura, Sala Miguel Bakun, Curitiba, PR.
1991 Galeria Banestado, Londrina, PR.
1987 Secretaria Municipal de Cultura de Maringá, Maringá, PR.
Exposições Coletivas
2013 Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR: Aquisições.
2012 Les Créateurs de Glamour OHG, Frankfurt, Alemanha: Drei Künsntler
aus dem Zeichnen und aus der Gravur.
2012 Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR: Salão Paranaense: Retrospectiva.
2011 Osaka Contemporary Art Center, Osaka, Japan: Transnational: Art 2011
- Contemporary Art Exhibition by Artists from Around the World.
2010 Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR, Fórum Internacional 2010 de
Conservação - do Moderno ao Contemporâneo: instalação Tramas.
2010 Galeria BNDES, Rio de Janeiro, RJ: Exposição Coletiva Contemporânea
Brasileira e Nórdica Integração da Arte.
2008 Museu da Água – Reservatório da Patriarcal, Lisboa, Portugal: Espaços.
2007 Centro Cultural Poleeni (Kulttuurikeskus), Pieksämäki, Finlândia.
2005 AVA Galleria, Helsinque, Finlândia: Expressions of Brazilian Art.
2003 Museu de Arte da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUC/PR, Curitiba.
2003 Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná - MAC, Curitiba, PR.
2003 6a Mostra João Turin, Casa Andrade Muricy, Curitiba, PR.
2002 Salão do Graciosa Country Club, Curitiba, PR.
2002 Casa Andrade Muricy, Secretaria Estadual da Cultura, Curitiba, PR: Síntese Paraná.
2002 Casa da Cultura, Joinville, SC.
2001 Galeria Solar do Rosário, Curitiba, PR.
2000 Galeria da Caixa, Curitiba, PR.
1998 55o Salão Paranaense de Artes Plásticas, MAC/PR, Curitiba, PR.
1998 Bar Woodside, Curitiba, PR: Branco e Preto, com Mazé Mendes.
1997 54o Salão Paranaense de Artes Plásticas, MAC/PR, Curitiba, PR.
1995 52o Salão Paranaense de Artes Plásticas, MAC/PR, Curitiba, PR.
1995 3a Mostra de Escultura João Turim, Curitiba, PR.
1995 Curitiba Arte 11, Curitiba, PR.
1995 Artistas Contemporâneos do Paraná, Sala Miguel Bakun, Curitiba, PR.
1994 10a Mostra de Desenho Brasileiro, Curitiba, PR.
1994 IV Salão Nacional de Arte Religiosa, Curitiba, PR.
1994 Galeria de Arte UFSC, Florianópolis, SC: Artistas do Paraná.
1994 Museu de Arte Contemporânea, Porto Alegre, RS: Artistas Contemporâneos do Paraná.
1994 1o Salão MAM Bahia de Artes Plásticas, Salvador, BA.
1994 Curitiba Arte 10, Curitiba, PR.
1993 II Mostra de Escultura João Turin, Curitiba, PR.
1993 Espaço Cultural Berman, Curitiba, PR.
1992 Curitiba Arte 8, Curitiba, PR.
1992 Centro Cultural Banco Central, Curitiba, PR.
1992 Galeria Rodrigo de M.F. Andrade, IBAC, Rio de Janeiro,RJ.
1991 48o Salão Paranaense de Artes Plásticas, MAC/PR, Curitiba, PR.
1991 Curitiba Arte 7, Curitiba, PR.
1991 Centro Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, PR.
1990 47o Salão Paranaense de Artes Plásticas, MAC/PR, Curitiba, PR.
1990 16o Salão de Jacarezinho, Secretaria Estadual da Cultura, Jacarezinho, PR.
1990 Museu Guido Viaro, Curitiba, PR.
1989 46o Salão Paranaense de Artes Plásticas, MAC/PR, Curitiba, PR.
1989 Curitiba Arte 4, Curitiba, PR.
1989 I Salão Londrinense de Arte, Londrina, PR.
1989 II Salão de Arte Religiosa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
PUC/PR, Curitiba, PR.
1988 45o Salão Paranaense de Artes Plásticas, MAC/PR, Curitiba, PR.
José
Antonio
de Lima
Brasileiro do município de Sacramento, Minas Gerais,
em 1955, vive em Curitiba, Paraná, desde os 9 anos. Formou-se em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Estadual de Londrina - UEL, em 1979. Atuou como repórter e fotógrafo de jornais e revistas do Paraná. Sua primeira exposição foi realizada em Maringá, Paraná, em 1987.